terça-feira, 2 de fevereiro de 2016

Qual é o segredo do sucesso de Jane Austen?



Jane Austen foi uma escritora inglesa, que viveu na virada do século XIX. Nascida em 16 de dezembro de 1775, ― sagitariana, nem precisa de fórmula! ― em Hampshire, um condado no litoral sul da Inglaterra, ela cruzou a fronteira do século XIX em um momento em que as mulheres começavam a lutar por um papel mais ativo na sociedade.

Há muito pouco material pessoal deixado por Jane, o que dificulta o trabalho de biógrafos e historiadores. Porém, através de sua obra é possível deduzir que era uma pessoa inteligente, de respostas rápidas e uma romântica incurável, assim como suas protagonistas.

Embora tenha iniciado sua carreira literária ainda na adolescência, foi somente em 1811, através de um amigo de seu irmão Henry, o editor Thomas Egerton, que ela teve seu primeiro romance publicado ― Razão e Sensibilidade. Embora seus livros rendessem um bom ganho e tenha conseguido o interesse do público, os críticos não se interessaram muito por seu estilo, à época, preferindo os textos mais dramáticos e emotivos de Charles Dickens e Geroge Eliot. Foi somente a partir da segunda metade do século que uma série de admiradores do círculo literário conseguiram impulsionar suas obras através da publicação de críticas e de livros de suas memórias.

A partir do século XX, suas obras passaram a sofrer críticas relacionadas não apenas aos textos, mas ao conteúdo político e social que enxergavam nele. Alguns de seus livros foram censurados como “pornografia leve” e ela chegou mesmo a ser acusada de “subverter as mulheres”. Embora pareça uma visão negativa, a verdade é que isto acabou por despertar o interesse acadêmico e os livros de Austen deixaram o status de novelas femininas para alçar o de romances clássicos.

Foi também no século XX que seus livros passaram a ganhar releituras, adaptações para peças, programas de televisão e filmes. Com isso, saiu das bibliotecas para conquistar admiradores por todo o mundo.

Mas qual o motivo pelo qual suas obras permanecem tão atuais até hoje?

  1. Uma visão verdadeira da humanidade: a despeito do caráter romântico de seus livros, seus protagonistas estão bem distantes da perfeição. Entre Emma e Orgulho e Preconceito, de mocinhas egoístas a mocinhos preconceituosos, Jane buscou retratar a vida com suas mazelas e tristezas, ainda que usasse o segundo ingrediente para aliviá-las; 
  2. Uma pitada de humor: apesar das dificuldades que suas personagens ou suas famílias atravessavam, Jane sempre encontrava espaço para uma provocação ou uma risada. Principalmente, quanto às próprias falhas que eles cometiam. Rir de si mesmo foi uma das lições mais válidas de seus livros. 
  3.  O poder da generosidade: o ponto principal das histórias de Austen. A maior parte dos seus personagens possui um forte senso de comprometimento com a família ou seus amigos. Às vezes, esse desejo de fazer o bem, acaba se voltando contra a própria pessoa, como foi o caso de Emma, do romance homônimo, ou do Sr. Bennet, de Orgulho e Preconceito. Mas Jane deixa uma mensagem de que a generosidade sempre é recompensada. 
  4. Um forte espírito de luta: Quem assistiu Amor e Inocência, pode se surpreender com o final da história de amor da própria Jane. Porém, em seus livros, todas as suas heroínas estão dotadas de um forte espírito de luta, nem que seja apenas por justiça. Se existe algo que chama a atenção nelas é o fato de serem capazes de desafiar os pais, os familiares e até a sociedade em nome dos valores em que acreditam. E atitudes como essa, na verdade, jamais sairão de moda. 
  5.  Finais felizes: a mensagem mais forte de seus livros é a da esperança. Em muitos deles, tudo parece perdido: o dinheiro se foi, seu amor partiu, tudo é escuro e nebuloso. Porém, no meio das nuvens, eis que surge o sol e o cavaleiro que havia partido retorna, esperançoso e cheio de certeza quanto a seus sentimentos. Nem sempre acontece assim na vida real, mas ao terminar de ler um de seus romances, sempre sentimos aquele fio de esperança ardendo em nosso peito. Quem sabe?

Além de querer falar um pouco de uma de minhas autoras favoritas, quis fazer essa introdução para falar um pouco sobre o livro da semana. Ele não está entre os mais vendidos da Amazon, perdoem-me, mas faz tempo que estou interessada em lê-lo e achei que seria um excelente momento: Persuasão, o último livro de Jane Austen. 

Ele foi escrito em 1915, quando ela já havia começado a padecer do Mal de Addison, a doença que acabou por ocasionar sua morte. Embora talvez não seja uma de suas melhores obras, tenho curiosidade de saber o que havia por trás de sua mente em um momento tão vulnerável. O romance foi publicado por seu irmão Henry Austen em 1917, dois anos após sua morte, juntamente com Northanger Abbey, .

Sexta-feira, voltarei para fazer uma breve resenha a respeito dele.

Tem alguma sugestão para a leitura da próxima semana? Me mande o nome, o link, a foto, qualquer coisa!

Próximo post: irei responder à curiosidade de minha leitora Yuki, que me perguntou o motivo de meus protagonistas serem todos homens homossexuais. 

Até lá!

Beijo da Nina

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